Os primeiros dez meses
de 2025 traz um panorama de segurança pública marcado
por contrastes que chamam a atenção das autoridades e da população. Enquanto os
crimes contra a vida apresentaram queda consistente, reforçando a percepção de
maior efetividade das ações preventivas, os crimes patrimoniais, especialmente aqueles que envolvem furto e roubo de
veículos, cresceram de maneira significativa e
desafiam a capacidade de resposta das forças de segurança locais.
De acordo com estatísticas da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, o município
registrou, entre janeiro a outubro deste ano,
uma redução expressiva nos homicídios dolosos: foram 23 casos, contra 25 no
mesmo período de 2024, queda de 8%. O
dado aponta avanço em um dos indicadores mais sensíveis da criminalidade e
sugere que ações de inteligência, monitoramento e atuação integrada podem começar a produzir resultados concretos. Junho,
porém, destoou desse movimento, com cinco homicídios registrados, o maior pico
mensal do ano. Apesar disso, a tendência predominante foi de retração.
As tentativas de homicídio também
apresentaram recuo relevante, passando de 20 ocorrências em 2024 para 16 em 2025, redução de 20%.
O conjunto desses números indica que, no que se refere à criminalidade violenta
e letal, o município conseguiu obter avanços significativos. Contudo, esse
cenário positivo não se repetiu quando o foco se desloca para os delitos contra
o patrimônio.
Embora os roubos em geral tenham diminuído, foram 168
casos de janeiro a outubro de 2024 e 164 no
mesmo intervalo de 2025, o comportamento dos crimes envolvendo veículos foi
oposto e de acender um
alerta entre autoridades. O roubo de veículos cresceu mais de 16%, passando de 30 para 39 registros, enquanto os furtos de veículos avançaram
ainda mais, saltando de 78 para 100 casos no
período, aumento de 28%. Além disso, o indicador de furtos, passou de 972
para 1008 ocorrências no acumulado janeiro a outubro,
sendo que outubro de 2025
registrou um número atípico e preocupante: 194 furtos, o maior acumulado mensal
dos últimos dois anos. Esse
pico repentino deve
reforçar a percepção de vulnerabilidade urbana e levar a Secretaria Municipal de Segurança e a Guarda Civil
Metropolitana (GCM) a intensificarem análises internas, talvez e até junto com a
própria Polícia Miltiar.
No campo das lesões corporais, o município
registrou aumento. As lesões corporais dolosas passaram de 402 para 475 registros, alta de 18%, indicador que costuma refletir conflitos
interpessoais, violência doméstica e tensões sociais diversas. E os crimes de
estupro apresentaram aumento de 9%, passando de 33
para 36 ocorrências, incluindo casos de vulnerável.
Ao se observar o conjunto dos dados, a
impressão é clara: Pindamonhangaba avança na redução da violência letal, mas
enfrenta dificuldades crescentes no controle dos crimes patrimoniais. Essa
dualidade reforça a necessidade de fortalecer uma política integrada de segurança
pública, articulando as ações da Secretaria Municipal de Segurança, da GCM e
das polícias estaduais.
Nesse sentido, a Guarda Civil Metropolitana
pode assumir protagonismo essencial. Por estar mais presente no patrulhamento
urbano e na mediação direta com a população, a corporação tem condições de
atuar na prevenção situacional, ocupando áreas de maior incidência criminal,
fortalecendo o patrulhamento comunitário e apoiando ações de inteligência,
sobretudo na identificação de padrões de furto e roubo de veículos. A adoção de
tecnologias como câmeras com reconhecimento automático de placas, integração
com o sistema Muralha e ampliação do videomonitoramento
municipal pode elevar a capacidade de resposta e dificultar a atuação de
quadrilhas especializadas.
Além disso, a Secretaria Municipal de
Segurança pode intensificar a articulação com comerciantes, moradores e
lideranças comunitárias, estimulando programas de prevenção colaborativa,
melhorias na iluminação urbana, readequação de fluxos de trânsito em áreas
críticas e campanhas permanentes de denúncia e orientação preventiva. Esses
elementos, quando combinados, tendem a reduzir significativamente os crimes de
oportunidade, típicos de centros urbanos em expansão.
Pindamonhangaba tem motivos para reconhecer avanços
importantes, sobretudo na contenção da violência letal, indicador que mais
impacta a sensação de segurança. Entretanto, para que esses resultados se
consolidem e se reflitam na vivência cotidiana da população, será necessário
encarar as vulnerabilidades expostas pelos dados de 2025. Investir em
tecnologia, reforçar o patrulhamento preventivo e aprofundar a integração entre
GCM, Polícia Militar e Polícia Civil são passos fundamentais para transformar o
município em referência de segurança pública equilibrada, eficiente e capaz de
responder às demandas de uma cidade em crescimento contínuo.
* Diretor da Divisão de Estudos e Monitoramento da
Coordenadoria da Atividade Delegada – Gabinete do Vice-Prefeito da Cidade de
São Paulo
Formado em Gestão de Políticas Públicas pela USP
Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional
Graduando e História pela USP
Professor de Cursinho pré-vestibular em São Paulo
Contato: italocmantovani@gmail.com

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