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terça-feira, 9 de setembro de 2025

PINDAMONHANGABA, PREFEITURA E SEGURANÇA PÚBLICA

 



 

Ítalo do Couto Mantovani*

 

A segurança pública, tradicionalmente vinculada às forças policiais estaduais, vem ganhando um espaço cada vez mais central nas agendas municipais. Prefeitos, mesmo sem controle direto sobre polícias civil e militar, tornaram-se atores fundamentais na prevenção da violência e na construção de ambientes urbanos seguros. Esse movimento se intensifica em regiões de forte dinamismo econômico e social, como a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN), no estado de São Paulo.

Composta por 39 municípios, a RMVPLN reúne polos industriais como São José dos Campos e Taubaté, cidades históricas como Pindamonhangaba, além de áreas turísticas no Litoral Norte. Essa diversidade expõe vulnerabilidades distintas: crimes urbanos em áreas periféricas, tráfico em rotas rodoviárias, furtos em regiões comerciais e desafios específicos ligados ao turismo costeiro. Nesse mosaico, prefeitos são desafiados a atuar além de seus limites administrativos, buscando soluções integradas para problemas que não reconhecem fronteiras municipais.

Se por um lado a Constituição de 1988 estabelece que segurança é dever do Estado, na prática a população cobra do prefeito respostas imediatas. Iluminação pública, poda de árvores, câmeras de monitoramento, urbanismo tático e guardas municipais tornam-se instrumentos de prevenção. Além disso, os gestores locais podem fomentar políticas sociais que atacam as raízes da violência, desde programas de juventude até iniciativas de cultura e esporte em bairros vulneráveis. Na RMVPLN, algumas prefeituras já investem em centros de monitoramento integrados, patrulhas comunitárias e em parcerias com o governo estadual. Entretanto, ainda há forte disparidade entre municípios mais ricos, como São José dos Campos, e cidades menores do Litoral Norte, que enfrentam limitações financeiras e estruturais.

A lógica metropolitana impõe uma realidade: o crime circula pelas mesmas rodovias que conectam trabalhadores e turistas. Assim, uma cidade isolada não consegue enfrentar sozinha o problema. Prefeitos precisam articular consórcios e fóruns permanentes para compartilhar informações, recursos e estratégias. Nesse sentido, especialistas defendem a criação de mecanismos regionais de governança em segurança, que envolvam tanto os municípios quanto o Estado. Experiências internacionais mostram que soluções integradas, como plataformas de dados compartilhados e operações conjuntas, reduzem a criminalidade e aumentam a sensação de segurança.

O avanço tecnológico oferece ferramentas que podem revolucionar a segurança pública local. Sistemas de videomonitoramento com inteligência artificial, sensores urbanos e bases de dados integradas são alternativas para antecipar ocorrências e otimizar recursos. Contudo, a tecnologia só é eficaz quando acompanhada de políticas sociais e de prevenção. A violência, como ressaltam urbanistas e criminólogos, não se combate apenas com repressão, mas com inclusão: escolas em tempo integral, programas de capacitação profissional e espaços de convivência comunitária reduzem a vulnerabilidade social que alimenta a criminalidade.

Na RMVPLN, prefeitos que assumirem a segurança pública como prioridade não apenas ganharão legitimidade política, mas também contribuirão para transformar o território em um espaço mais seguro e integrado. A tarefa é árdua: falta de recursos, sobreposição de competências e descontinuidade administrativa são obstáculos permanentes. Ainda assim, é cada vez mais claro que o futuro da segurança nas cidades depende do protagonismo local.

Diante desse cenário, Pindamonhangaba vive um contraponto significativo: embora tenha sido uma das cidades com mais mortes violentas na região em 2024 com 33 homicídios, liderando o ranking ao lado de Caraguatatuba, os primeiros meses de 2025 já mostram sinais positivos. No quadrimestre inicial, houve uma queda de 33 % nos homicídios dolosos, de 12 para 8 casos, e reduções importantes também nos estupros (queda de quase 44 %) e roubos (cerca de 20%), além da manutenção de zero latrocínios registrados. Em março de 2025 especificamente, os homicídios caíram 34%, crimes sexuais diminuíram 25%, e há aumento expressivo na produtividade policial: 33% a mais em prisões e 150% em veículos recuperados. Esse panorama revela que, mesmo diante de um quadro inicial desfavorável, o protagonismo municipal pode fazer diferença. Ao adotar tecnologia integrada como: a adesão ao programa Muralha Paulista, que conecta câmeras do Centro de Segurança Integrada (CSI) a sistemas estaduais de inteligência (Detecta, Prodesp, Cortex), e ao promover articulação com forças estaduais e inteligência compartilhada, Pindamonhangaba demonstra o que sustenta nosso argumento central: prefeitos, ao assumirem papel ativo, fortalecem a governança local e geram resultados concretos.

Em suma, a experiência de Pindamonhangaba mostra que segurança pública pode ser reversível com políticas coerentes, tecnologia estratégica e cooperação metropolitana. As quedas nos homicídios, estupros e roubos, aliadas ao aumento da eficiência policial, sugerem um caminho promissor: a convergência entre prevenção estruturada e atuação firme pode transformar territórios marcados pela violência em espaços urbanos mais seguros e produtivos, reafirmando que, na RMVPLN, o papel dos prefeitos é decisivo para reorientar o curso da segurança pública.

 

v  Diretor da Divisão de Estudos e Monitoramento da Coordenadoria da Atividade Delegada – Gabinete do Vice-Prefeito do Município de São Paulo

Formado em Gestão de Políticas Públicas pela USP

Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional

Graduando em História pela USP

Professor de Cursinho pré-vestibular em São Paulo

Contato: italocmantovani@gmail.com

 

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