Ítalo do Couto
Mantovani*
As estatísticas
oficiais de criminalidade e produtividade são essenciais para entender a
segurança pública no Brasil. Elas refletem a realidade dos crimes e orientam
ações de prevenção e fortalecimento da sensação de segurança. Integrar dados e
gerar informações confiáveis é um desafio, dada a diversidade do país, mas é
fundamental para criar políticas públicas eficazes.
A produtividade
policial é um elemento central na análise do desempenho das instituições de
segurança pública. Mais do que contabilizar ações como prisões ou apreensões,
ela envolve a capacidade das forças policiais de atuar com estratégia,
equilíbrio e efetividade diante das demandas sociais por segurança. Para
avaliá-la adequadamente, é necessário utilizar indicadores que vão além da
quantidade de operações realizadas, considerando também a qualidade das
abordagens, seus efeitos na diminuição da criminalidade e na construção da
confiança social. Discutir a produtividade da polícia, portanto, é também
discutir a legitimidade e a racionalidade das práticas de policiamento dentro
de um regime democrático.
São Paulo destaca-se
como um estado pioneiro na transparência e divulgação de indicadores de
produtividade policial. Desde 2001, o portal da Secretaria de Segurança Pública
disponibiliza publicamente esses dados, abrangendo os 645 municípios paulistas.
A cada ano, observa-se um aumento consistente na produtividade das forças
policiais, refletindo o empenho crescente em promover uma maior percepção de
segurança à população. Um exemplo expressivo dessa evolução é o número de
prisões realizadas: no primeiro bimestre de 2024, foram cerca de 27 mil,
enquanto no mesmo período de 2025 o total alcançou 30 mil — um aumento de 11%,
ou aproximadamente 509 prisões por dia. O número de veículos recuperados também
cresceu, passando de 9.200 em 2024 para 9.500 em 2025, representando um
acréscimo de 3%. Outro dado relevante é o das apreensões de armas de fogo, que
somaram 2.251 no primeiro bimestre de 2025 — uma média de quase 40 armas
retiradas das ruas por dia. Esses números evidenciam não apenas o volume de
trabalho das forças de segurança, mas também o compromisso contínuo com a
proteção da sociedade e o fortalecimento da segurança pública no estado.
Ao observarmos a Região
Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN), composta por 39
municípios, constatamos uma dinâmica alinhada à tendência estadual. No primeiro
bimestre de 2025, o número de prisões na região cresceu 15%, atingindo uma
média de 30 prisões diárias, em comparação às 26 registradas no mesmo período
de 2024. Esse desempenho representa 6% do total de prisões efetuadas em todo o
estado, o que se mostra proporcional à representatividade populacional da
RMVPLN, que concentra cerca de 7% da população paulista. No que se refere à
recuperação de veículos, a região também apresentou resultados expressivos:
foram 342 veículos recuperados nos dois primeiros meses de 2025, frente a 289
no ano anterior. Já as apreensões de armas de fogo cresceram 22% no mesmo
intervalo, evidenciando o fortalecimento da atuação policial e o avanço nas
ações de combate à criminalidade na região.
O município de
Pindamonhangaba segue a mesma tendência de crescimento observada no estado de
São Paulo e na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. No
primeiro bimestre de 2025, foram registradas 53 prisões, mais que o dobro das
26 efetuadas no mesmo período de 2024 — um expressivo aumento de 203%. Isso
representa uma mudança significativa na frequência das detenções: passou-se de
uma prisão a cada três dias para duas prisões a cada três dias. No tocante à
recuperação de veículos, o município também apresentou avanço relevante, com um
crescimento de 30% em comparação ao primeiro bimestre do ano anterior. Já no
número de apreensões de armas de fogo, o salto foi igualmente notável: de apenas
uma arma apreendida nos dois primeiros meses de 2024 para quatro em 2025. Esses
dados refletem o aumento da produtividade das forças de segurança locais e o
fortalecimento das ações de combate à criminalidade em Pindamonhangaba.
Diante dos dados apresentados,
torna-se evidente que o aprimoramento da produtividade policial, aliado à
transparência na divulgação dos indicadores de segurança, é uma ferramenta
poderosa na construção de políticas públicas mais eficazes e no fortalecimento
do pacto social em torno da segurança. O desempenho crescente observado em
nível estadual, regional e municipal — como no caso de Pindamonhangaba — revela
não apenas o comprometimento das forças de segurança com a proteção da
sociedade, mas também o potencial transformador de uma atuação pautada por
estratégia, responsabilidade e sintonia com a realidade local. Para que esses
avanços sejam sustentáveis, é imprescindível que o policial seja valorizado em
sua função: com formação contínua, condições adequadas de trabalho, reconhecimento
profissional e respaldo institucional. Consolidar e ampliar esses resultados é
um desafio permanente, que exige investimento, planejamento e uma atuação
integrada entre Estado e sociedade, em prol de um ambiente mais seguro, justo e
democrático para todos.
* Diretor da Divisão de Estudos e Monitoramento da
Coordenadoria da Atividade
Delegada – Secretaria de Governo Municipal da Cidade de São
Paulo
Formado em Gestão de Políticas Públicas pela USP
Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional
Graduando e História pela USP
Professor de Cursinho pré-vestibular em São Paulo
Contato: italocmantovani@gmail.com
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