De forma clara e amparado por grandes advogados de Pindamonhangaba e São Paulo, demostrando o compromisso desse meio de comunicação em contar a verdade, abaixo serão dados detalhes do importante julgamento de ontem. Vale lembrar que o blog e o jornal O Regional deram o furo de reportagem sobre essa Ação e sobre seus andamentos, demonstrando que estão muito bem informados. E também que todas as notícias sobre o caso são revisadas por pelo menos dois advogados de renome, sendo um deles especialista em Direito Público.
O julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade que tem o objetivo de demitir 3326 servidores (números dados pela Prefeitura), entre efetivos e comissionados, começou ontem, por volta das 16 horas, na suntuosa sede do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Iniciado os trabalhos o Procurador-Geral de Justiça confessou aos desembargadores que Pindamonhangaba tinha um número enorme de cargos comissionados, por volta de 300 (trezentos), e que nunca tinha se deparado com essa quantidade de cargos comissionados em uma cidade do porte de Pinda. Disse também que sua acusação teve que ter 150 laudas para conseguir mencionar todos os cargos ilegais, bem como que o que mais lhe chamou a atenção foi a existência de 45 cargos de Diretor ganhando a quantia de mais de 10 mil reais. Após esse comentário, grande parte dos desembargadores deram risada demostrando perplexidade com os números citados. Continuou PGJ falando que quase a totalidade desses 300 cargos comissionados deveria ser ocupada por servidores concursados e que o Tribunal de Justiça tem-se demostrado rigoroso no combate aos cargos comissionados. Após a fala do PGJ, falaram dois procuradores do Município de Pindamonhangaba e a advogada do Sindicato, sendo que todos eles defenderam somente os cargos efetivos e nada se pronunciaram na defesa dos cargos comissionados. No prazo de 30 minutos os 3 defensores falaram da boa-fé dos servidores que prestaram concurso público e da necessidade de preservação dos cargos efetivos. Após a fala da defesa, começou a discursar o desembargador Nevem Amorim, que é o relator da Ação, ou seja, o desembargador que mais se aprofunda na análise do caso e que comanda o julgamento pelos demais desembargadores (esses em número de 24). O desembargador Neves Amorim foi claro ao defender a demissão dos 3326 servidores (efetivos e comissionados) fundamentando sua decisão no fato das atribuições dos cargos não estarem em lei. O relator disse em alto e bom tom que concederia o prazo de 360 dias para o Município de Pindamonhangaba providenciar a abertura de diversos concursos públicos para preencherem a enorme quantidade de cargos que iriam vagar coma decisão dada.
Um outro desembargador pediu o adiamento do julgamento alegando que precisaria analisar melhor o caso. O adiamento foi dado, nada mais.
A decisão provisória, dada ao final do dia foi a seguinte:
"Adiado ADIADO A PEDIDO DO EXMO. SR. DES. PAULO DIMAS MASCARETTI, APÓS O VOTO DO RELATOR JULGANDO A AÇÃO PROCEDENTE, COM MODULAÇÃO. USOU DA PALAVRA O EXMO. SR. PROCURADOR DE JUSTIÇA ROSSINI LOPES JOTA. SUSTENTARAM ORALMENTE OS ADVOGADOS DRS. VITOR DUARTE PEREIRA, ALEXANDRE DE JESUS SILVA E MARIA CÂNDIDA GALVÃO SILVA. Próxima pauta: 08/06/2016 13:30" |
Finalmente três perguntas que são feitas frequentemente pelos leitores do blog e do jornal são as seguintes:
OS SERVIDORES TERÃO QUE PAGAR PELA CULPA DE OUTRAS PESSOAS?
Sim, se os cargos forem considerados inconstitucionais haverá demissão em massa mesmo não havendo uma culpa direta daqueles que prestaram concurso. Contudo, os servidores demitidos poderão pleitear indenização material e moral.
DE QUEM É A CULPA POR ESSAS IRREGULARIDADES?
Os cargos foram considerados inconstitucionais pelo PGJ porque, durante décadas, os projetos de lei que criavam os cargos públicos na estrutura administrativa da Prefeitura foram mandados para a Câmara Municipal sem a devida descrição das atribuições, ou seja, sem descrever as atividades que deveriam ser desempenhadas pelos servidores que ocupariam os cargos.
As pessoas que tinham e têm o dever de zelar constitucionalidade dos projetos de lei, em última análise, são aquelas que ocuparam durante as últimas décadas e ocupam atualmente o cargo de Secretário de Assuntos Jurídicos da Prefeitura.
AINDA HÁ POSSIBILIDADE DE REGULARIZAR O CARGOS?
Há divergência entre os especialistas, mas hoje a maior chance dos servidores públicos municipais de evitar a demissão em massa é o envio imediato de um projeto de lei regularizador que trate de todos os cargos públicos concursados e que preveja as mesmas atribuições que hoje constam em decreto.
Cada dia de atraso no envio do projeto trabalha contra os interesses dos servidores públicos concursados.