Ítalo do Couto Mantovani*
Os dados de produtividade policial de Pindamonhangaba revelam um cenário de
crescimento expressivo da atuação das forças de segurança entre janeiro e agosto de 2024 e o mesmo período de
2025. Mais do que estatísticas, esses números refletem o esforço
cotidiano, a dedicação e a resiliência de profissionais que enfrentam a
criminalidade em múltiplas frentes, mesmo diante de restrições orçamentárias e
pressões institucionais constantes.
De acordo com o levantamento, a cidade registrou 966 inquéritos policiais instaurados em 2025,
contra 636 no mesmo período de 2024,
o que representa um aumento de 51,9%.
Esse crescimento indica maior eficiência investigativa e fortalecimento das
estruturas de apuração de delitos, essenciais para a responsabilização
criminal. O número de prisões efetuadas
também avançou de 167 para 247,
uma alta de 47,9%, sinalizando
ampliação da capacidade operacional e da resposta imediata ao crime. O combate ao tráfico de entorpecentes
seguiu a mesma tendência: foram 102
ocorrências em 2025, frente a 92
no ano anterior, aumento de 10,9%.
Já as ocorrências de porte de
entorpecentes cresceram de 13
para 14 (+7,7%), e as apreensões
de drogas passaram de 7 para 9
(+28,6%). Embora modestos esses incrementos revelam um aprimoramento na
detecção e repressão ao comércio e circulação de substâncias ilícitas.
Outro
indicador que merece destaque é o porte
ilegal de armas, que saltou de 26
para 40 ocorrências, crescimento de 53,8%. Apesar de o número de armas apreendidas ter permanecido estável (16 em ambos os
períodos), o dado aponta maior vigilância e assertividade nas ações
preventivas. Essa ampliação do controle sobre o armamento irregular é
estratégica, considerando o impacto direto das armas ilegais sobre os índices
de violência letal.
A atuação direta em campo também evoluiu. O número
de flagrantes lavrados subiu de 76 para 106 (+39,5%), e o de infratores presos em flagrante passou
de 71 para 124, o que representa
um aumento de 74,6%. Já as prisões por mandado cresceram de 88 para 151 (+71,6%), reforçando o
papel da polícia no cumprimento de decisões judiciais e na desarticulação de
organizações criminosas. O número de
veículos recuperados teve acréscimo de 23,3%, indo de 30 para 37,
resultado que indica ganhos operacionais e melhoria no uso de ferramentas de
rastreamento e inteligência territorial.
Esses
avanços quantitativos evidenciam uma polícia
mais ativa, articulada e eficiente, capaz de responder de forma rápida
às demandas da população. No entanto, a Agenda
de Valorização Policial, publicada pelo Instituto Igarapé em 2021, alerta que produtividade, por si só,
não garante uma segurança pública sustentável. O documento propõe uma reflexão
essencial: como manter e ampliar
resultados sem sacrificar o bem-estar e a motivação dos agentes?
O relatório do Instituto defende que a valorização
policial precisa ser compreendida sob quatro pilares; saúde mental, formação continuada, gestão por evidências e reconhecimento
do mérito. Em outras palavras, o desempenho policial deve ser
acompanhado por políticas de cuidado, capacitação e reconhecimento,
transformando o ambiente de trabalho em um espaço de segurança também para quem
protege. O aumento da produtividade em Pindamonhangaba, portanto, não pode ser
lido apenas como triunfo estatístico. Ele também revela o peso do esforço
humano de profissionais que, muitas vezes, operam sob exaustão emocional e
física. O crescimento de 51,9% nos
inquéritos instaurados e de 47,9%
nas prisões efetuadas demonstra capacidade técnica, mas aponta para a
necessidade de consolidar uma política
de valorização contínua, que garanta condições dignas e sustentáveis de
trabalho.
A experiência recente da cidade
indica que o futuro da segurança pública depende da integração entre
produtividade e valorização dos profissionais da área. Nesse sentido, três
caminhos se mostram indispensáveis: a gestão de desempenho com foco humano, que
deve medir resultados não apenas por números, mas também pelo impacto social e
pela preservação da integridade física e mental dos policiais; a formação
permanente aliada ao apoio psicológico, por meio da criação de estruturas de
capacitação contínua e programas de acompanhamento emocional que preparem os
agentes para lidar com o estresse e os riscos inerentes à profissão; e, por fim,
o investimento em tecnologia e inteligência, fortalecendo a cooperação entre as
forças de segurança e modernizando os sistemas de informação, de modo a ampliar
a precisão das operações e garantir maior proteção aos profissionais e à população. Mais do que prender ou
investigar, o papel da polícia moderna é proteger a vida, garantir direitos e construir confiança pública.
Os resultados de Pindamonhangaba
entre janeiro e agosto de 2025 demonstram que há competência e comprometimento.
O passo seguinte, e mais decisivo, é assegurar que esses resultados sejam
sustentados por uma política de
valorização permanente, onde cada avanço na segurança também represente
um avanço na dignidade de quem veste a farda.
Valorizar o policial é valorizar a sociedade. É
reconhecer que segurança pública não se faz apenas com autoridade, mas com
humanidade, preparo e reconhecimento. Pindamonhangaba mostra o caminho:
produtividade e valorização não são opostos, são partes do mesmo projeto de um
futuro mais seguro e mais justo.
* Diretor da Divisão de Estudos e
Monitoramento da Coordenadoria da Atividade
Delegada – Secretaria de Governo
Municipal da Cidade de São Paulo
Formado em Gestão de Políticas
Públicas pela USP
Mestre em Gestão e Desenvolvimento
Regional
Graduando e História pela USP
Professor de Cursinho pré-vestibular
em São Paulo
Contato: italocmantovani@gmail.com

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