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quarta-feira, 29 de outubro de 2025

VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO EM PINDAMONHANGABA: DESAFIOS E CAMINHOS PARA UMA MOBILIDADE SEGURA

 


 

Ítalo do Couto Mantovani*

A violência no trânsito tem se consolidado como um dos mais graves desafios das cidades brasileiras, refletindo não apenas falhas na infraestrutura viária, mas também a urgência de uma mudança cultural em relação à mobilidade e ao respeito à vida. Em Pindamonhangaba, essa realidade se manifesta nas ruas e rodovias que cortam o município, onde o cotidiano revela o impacto humano e social dos acidentes. O município, como tantos outros, enfrenta o dilema de equilibrar crescimento urbano, aumento da frota e segurança, numa equação que ainda cobra um alto preço e exige respostas efetivas do poder público e da sociedade.

Segundo os dados do Infosiga SP, entre janeiro e setembro de 2025, Pindamonhangaba registrou 31 mortes em acidentes de trânsito, um crescimento de aproximadamente 73% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Com uma taxa estimada de 26,4 óbitos por 100 mil habitantes, o município ultrapassa em mais de quatro vezes a meta estadual de 5,68 mortes por 100 mil habitantes até 2030 e a taxa atual do Estado em duas vezes, 13,7. Apesar de iniciativas locais, como a ampliação da fiscalização eletrônica e campanhas educativas, o índice de fatalidades permanece elevado, sobretudo em vias de grande fluxo, como a Rodovia Presidente Dutra e o Anel Viário, onde se concentram os sinistros mais graves. O dado evidencia que o município ainda enfrenta um cenário alarmante que exige políticas públicas mais integradas e sustentáveis para conter a escalada de tragédias no trânsito.

Com base nos dados do período de outubro de 2024 a setembro de 2025, a BR-116 ocupa a primeira posição no ranking de vias com maior número de acidentes, registrando 17 óbitos, 15 sinistros fatais e 90 sinistros não fatais, totalizando 645 unidades de perigo social (UPS), todos os casos na região de Pindamonhangaba. Em seguida, destacam-se a SP-062, com 2 óbitos e 96 UPS, e a SP-123, com 4 óbitos e 69 UPS. Entre as vias urbanas, a Avenida Nossa Senhora do Bom Sucesso e a Rua Major José Santos Moreira apresentam menor gravidade nos acidentes, sem óbitos, mas com sinistros não fatais, acumulando 60 e 25 UPS, respectivamente. Esses dados evidenciam a concentração de acidentes nas rodovias federais e estaduais, ressaltando a necessidade de estratégias de segurança direcionadas às vias de maior risco. Ao analisar os óbitos por faixa etária e sexo, observa-se que a maior incidência ocorre entre jovens adultos, especialmente entre 20 e 24 anos, com seis óbitos masculinos e um feminino. A faixa de 25 a 29 anos também apresenta números expressivos, com quatro óbitos masculinos e um feminino. Em praticamente todas as faixas etárias, os homens predominam, com destaque para 50 a 54 anos (cinco óbitos masculinos e um feminino), 60 a 64 anos (três óbitos masculinos) e 70 a 74 anos (três óbitos masculinos). Já as mulheres registram menores números em todas as categorias, com destaque para as faixas de 15 a 19 anos e 25 a 29 anos, ambas com um óbito cada. Esses dados indicam que homens jovens e de meia-idade são os mais vulneráveis a acidentes fatais, reforçando a necessidade de políticas de prevenção voltadas a esse público.

Vale ressaltar também que nesse mesmo período, os acidentes de trânsito em Pindamonhangaba envolveram principalmente automóveis e motocicletas, que juntos representaram cerca de 80% do total de veículos envolvidos. Os automóveis lideraram, com 45% do total, seguidos pelas motocicletas, com 35%. Caminhões, ônibus e bicicletas tiveram participação menor, correspondendo a 5%, 2% e 2%, respectivamente. Por fim, os acidentes em estradas e rodovias representam 53% (33 milhões de reais) dos custos totais, enquanto as vias urbanas respondem por 47% (28,5 milhões de reais). Isso indica que, embora os acidentes urbanos sejam frequentes, os incidentes em rodovias e estradas tendem a gerar um custo maior por evento, possivelmente devido à gravidade e às implicações econômicas mais elevadas.

Para enfrentar o quadro alarmante de violência no trânsito em Pindamonhangaba, torna-se imperativo a formulação e implementação de um plano de segurança viária integrado, articulando medidas de caráter imediato e estratégico, lembrando que pelas informações citadas a maioria dos acidentes ocorre em vias estaduais e federais, Pindamonhangaba pode e deve atuar de forma proativa, estabelecendo parcerias estratégicas com essas esferas de governo. Esse plano deve contemplar, de maneira priorizada, a intensificação da fiscalização em rodovias e vias de maior risco, a modernização e manutenção da infraestrutura viária (incluindo sinalização, iluminação e dispositivos de controle de velocidade) e a execução de campanhas educativas direcionadas às faixas etárias mais vulneráveis, notadamente homens jovens e de meia-idade. Simultaneamente, é essencial fomentar uma transformação cultural ampla, por meio de programas de conscientização que envolvam escolas, empresas e sociedade civil, reforçando o respeito à vida e à legislação de trânsito. Apenas mediante uma ação coordenada, que integre políticas públicas robustas e engajamento social contínuo, será possível reduzir efetivamente os acidentes, mitigar suas consequências humanas e econômicas e consolidar uma cultura de mobilidade segura, responsável e sustentável para as gerações presentes e futuras.

 

 

* Diretor da Divisão de Estudos e Monitoramento da Coordenadoria da Atividade

Delegada – Secretaria de Governo Municipal da Cidade de São Paulo

Formado em Gestão de Políticas Públicas pela USP

Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional

Graduando e História pela USP

Professor de Cursinho pré-vestibular em São Paulo

Contato: italocmantovani@gmail.com

 

 

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