Regra 80/20 na educação: ponderando o percentual de esforço e resultado na aprendizagem escolar

             A regra 80/20, também conhecida como princípio de Pareto, é uma teoria de propriedade matemática, que segue a ordem de distribuição de potências de duas quantidades, na qual a mudança em uma das quantidades resulta em mudança significativa na outra, não sendo, porém, proporções rígidas. Foi desenvolvido pelo economista Vilfredo Pareto (1848-1923), em 1896, a partir da observação de que 80% das terras da Itália pertenciam a apenas 20% da população. Sua associação em percentuais de distribuição de quantidades passou a ser utilizada em outras áreas do conhecimento, como linguagem, saúde e negócios, com a finalidade de identificar níveis de esforços e seus resultados.

            É apontada como importante ferramenta de análise de qualquer estrutura organizacional, tornando possível criar maior impacto produtivo com menor quantidade de esforço, mais clareza de prioridades, e mais eficiência da equipe no trabalho. Não obstante, carrega críticas de simplificação excessiva no modo de absorver informações; priorização inadequada ao ignorar tarefas ou conteúdos, que, embora não pareçam impactantes, são necessários; foco exclusivo na eficiência, em detrimento da qualidade; e risco de falsa sensação de que os 80% restantes do conteúdo ou das tarefas não são importantes, quando na verdade, podem ter um papel crucial.

            Transposto a regra 80/20 para o campo da educação, pode ser utilizada na identificação de proporções matemáticas em situações de ordem escolar, como a relação do nível do esforço dos alunos, com os resultados da turma e escola; da proporção de práticas didáticas e conteúdos que resultam em maior rendimento escolar; dos perfis comportamentais que representam maior alinhamento à missão e visão institucional da escola, que, por sua vez, resultam em maior engajamento com a proposta educacional. Nesse sentido, identificar as proporções de causas e consequências no campo da educação, favorece contínuo ajuste do planejamento escolar para atender os novos contextos de cada nova geração de alunos e coletividade escolar.

            Garantir eficiência do processo de ensino e aprendizagem, com a devida qualidade da educação integral do aluno, requer estratégia para otimizar o estudo essencial, sem desprivilegiar do restante do conteúdo. Tem-se como ideal, identificar os problemas da aprendizagem e as suas causas, para organizá-los em categorias semelhantes. Dessa maneira, poder-se-á encontrar soluções, cujos esforços otimizados poderão atingir a proporção aproximada de 20% de soluções (estratégias e procedimentos educativos), que resultem em aproximação de 80% de rendimento escolar. Mapeamento e estruturação de plano estratégico, tático e operacional da regra 80/20 na educação é possível e é para hoje!

             Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado em Filosofia, História e Pedagogia, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”.