Vive-se na atualidade sob a onipresença da
influência de formadores de opinião, para todos os tipos de assuntos, mesmo sem
fundamentos científicos. É nesse contexto que a educação escolar está inserida,
como um estandarte, que clama a defesa de uma verdade, a de que ainda vale a
pena compreender a escola como espaço de aprendizagem, em meio a tantos outros.
Escola que não mais ocupa o papel de transmitir conhecimento, mas de facilitar
o entendimento do complexo conhecimento difundido na sociedade.
Em nações com pífio investimento em
educação, cuja pouca escolaridade, normalmente resulta em baixa remuneração,
naturaliza-se um modelo de escola que reproduz um currículo de estudos e
práticas didáticas tradicionais que mantem o status quo socioeducacional –
obtenção de diploma para exercício profissional imediato, desprovido de
capacidade crítica, reflexiva, argumentativa, e habilidades diversas para
resolução de problemas. Recuperar a instituição escolar como espaço do saber
livre e desinteressado, crítico e reflexivo, exige revisão do papel da escola e
replanejamento da aplicabilidade curricular no território escolar, com olhar
voltado não somente para a escolarização, mas, principalmente, para o
desenvolvimento humano, de modo sustentável em suas diversas faces – social,
ambiental, cultural e educacional.
Por
meio de uma gestão democrática, de modo inequívoco, poder-se-á garantir ampla
participação da coletividade escolar nos atos consultivos e decisórios de
acompanhamento da escolarização dos estudantes. Enquanto prática efetiva de
ensino e aprendizagem, em sala de aula, destaque para a monitoria do estudante.
Consiste no ato do estudante com proficiência em determinado conteúdo ou
disciplina, ajudar os colegas da turma, ou de maneira individualizada. Teve seu
início na idade média, percorreu a modernidade, e chegou aos nossos dias,
recebendo pouca variação em sua formulação inicial de ajudar os colegas, com
conteúdo determinado pelo professor.
Ser estudante monitor é desenvolver
a capacidade de tornar claro e completo para si o que já entendeu, ao ponto de
conseguir replicar o conteúdo para os colegas, de modo criativo. Nesse sentido,
a monitoria oportuniza ao monitor e monitorado maior autonomia no processo de
aprendizagem, podendo surgir novas práticas didáticas, entendendo que o fio
condutor da aprendizagem é a forma que se entende o que se é ensinado. No
entanto, a monitoria não está isenta de desafios, que começam pela escola oportunizar
condições do exercício da monitoria, passando pelo cultivo da vontade do
candidato à monitor em querer realizar a experiência de co-ensinar em sala de
aula, em contínuo acompanhamento docente.
Em suma, entende-se que a monitoria
é uma ferramenta complementar ao trabalho do professor, tornando possível
alcançar o objetivo da aprendizagem técnica e significativa ao coletivo de
estudantes. À escola, caberá regulamentar o programa de monitoria; ao professor,
cativar e acompanhar o monitor; ao monitor se permitir aprender mais e
colaborar com os colegas; e aos demais estudantes, respeitar e aproveitar a
oportunidade de aprender o esperado por meio dos próprios pares da turma.
Monitoria escolar como prática pedagógica é possível e é para hoje!
Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado
em Filosofia, História e Pedagogia, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da
Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”.

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