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terça-feira, 29 de julho de 2025

A pirâmide da aprendizagem: referência conceitual para reflexão pedagógica

 



             A pirâmide da aprendizagem ou teoria da escolha de William Glasser, psiquiatra norte-americano (1925 – 2013), transformou-se em argumento de autoridade nos meios de comunicação populares, sendo assumida como parâmetro e fórmula rígida de aprendizagem.

            Elaborada na década de 1960, a pirâmide da aprendizagem hierarquiza as formas de retenção de conteúdos, divididos em procedimentos passivos e ativos. Enquanto aprendizagem passiva, de acordo com a pirâmide da aprendizagem, 10% do aprendizado é retido no ato da leitura, 20% no ato de audição, 30% quando se vê algo, e 50% quando se vê e ouve algo; já a aprendizagem ativa garante 70% de retenção quando se debate com outra pessoa, 80% quando se pratica o assunto estudado, e 95% quando se ensina a alguém o que se estudou e praticou. São dados redondos e simétricos, que, no entanto, não existem na literatura de William Glasser, e tampouco nos arquivos do Instituto Nacional de Treinamento Laboratorial norte-americano, tido como local da pesquisa.

            Por não ter sido encontrado o estudo original, a pirâmide da aprendizagem é criticada pela ausência de comprovação científica e suas respectivas evidências, que sugerissem suficiente abrangência de variantes como número de testes e participantes, idade, gênero, etnia, grau de escolaridade, contexto social e cultural, entre outros elementos concatenados. Por esse motivo, a teoria é apontada como generalista e de excessiva simplificação das porcentagens de aprendizagem, hierarquizando procedimentos de aprendizagem sem a devida comprovação científica, o que torna vago os conceitos de aprendizagem passiva e ativa, considerando que absorção de informação é um ato individual, resultante de influência externa como ambiente e coletividade de pessoas.

            Quando utilizado com finalidade comercial, por meio de marketing acrítico e dogmático, a pirâmide da aprendizagem se torna um instrumento orientativo equivocado por não corresponder à realidade da aprendizagem moderna, que exige técnicas que sintetizem práticas individuais e coletivas, além de não contar com comprovação científica das porcentagens da aprendizagem apresentada na pirâmide. Ao contrário, quando utilizada de maneira crítica, combinando múltiplas técnicas e estratégias, valorizando métodos tidos como passivos e ativos, e integrando evidências científicas, a pirâmide da aprendizagem se torna uma eficaz ferramenta de reflexão pedagógica.

            Recordado de que a pirâmide da aprendizagem conta com autoridade nos campos da cultura popular, e, para surpresa de quem se guia pela ciência, também nos espaços escolares, haja vista a sua ausência de comprovação científica, cabe cuidado e senso crítico em sua utilização, compreendendo-a como demonstração de procedimentos de aprendizagem não estanques, tornando-se ponto de partida para reflexão pedagógica, em ocasiões de planejamento escolar, elaboração de plano de aula e práticas didáticas. Todo esse trabalho da equipe escolar visa oportunizar que o estudante exerça o seu protagonismo em seu processo de aprendizagem, contando com procedimentos de aprendizagem que melhor lhe convier, de acordo com a sua própria característica de retenção de informação.

Tornar o estudante um monitor – ensinante de outros estudantes não é uma possibilidade remota, apenas uma questão de tempo de aprendizado e gestão da sala de aula. Aprendizagem robusta e significativa é possível e é para hoje!

            Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado em Filosofia, História e Pedagogia, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”.

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