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segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Teoria das inteligências múltiplas: um recomeço educacional


             O campo da educação, enquanto ensino escolar, esteve amparado por quase a totalidade do século XX, pelo teste de inteligência Stanford – Binet, conhecido como quociente de inteligência (QI), elaborado por Alfred Binet (1857 – 1911), pedagogo e psicólogo francês. Embora revisto e superado cientificamente, o teste de QI ainda é utilizado na atualidade, sobretudo em instituições de ensino, mantendo o processo de ensino restrito à visão lógico-matemática e linguística, resultando, por obviedade, em confinamento cerebral dos outros tipos de inteligência, o que sob uma análise mais ampla, reverbera em exclusão em todas as áreas da vida.

            A teoria do quociente de inteligência – (QI), foi ofuscada e deslegitimada pela teoria das inteligências múltiplas (1983), de Howard Gardner (1943 -), psicólogo e neurologista estadunidense, que identificou que a inteligência não é uma capacidade geral, mas sim um conjunto de habilidades distintas, cada um com o seu próprio sistema de processamento, embora não funcionem sozinhas, necessitando umas das outras.

            Gardner identificou inicialmente sete tipos de inteligência: 1) lógico-matemática, 2) linguística, 3) espacial, 4) corporal-cinestésica, 5) musical, 6) interpessoal e 7) intrapessoal. Posteriormente, incluiu mais dois tipos de inteligência, sendo: 8) naturalista e 9) existencial. Com a ampliação do número de inteligências, passou-se do paradigma unidimensional para o multidimensional, tornando imprescindível ensino e avaliação individualizada no ambiente escolar, em correspondência a cada tipo de inteligência.

            Segundo Gardner, as inteligências são heranças genéticas, que precisam de estímulo sociocultural ao longo da vida, podendo ocorrer potencialização de algumas inteligências em detrimento de outras. No ambiente escolar, as funções de instrução, socialização e preparação para o mercado de trabalho, tradicionalmente assumidas como fundamentais, podem ser melhor desenvolvidas a partir da existência de uma cultura escolar de estímulo e educação cerebral, tornando a escola centro estimulador de inteligências.

Dessa forma, entende-se que a escola não é mais a única instituição detentora da informação, podendo e devendo assumir o papel de estimuladora e mentora do processo de aprendizagem, haja vista que não se justifica mais na sociedade como centro transmissor de informação. A ideia de o indivíduo ir à escola receber informação é tão antiquada na atualidade, quanto ter que se levantar para mudar o canal da televisão. Revisão dos objetivos e métodos escolares é emergencial para tornar a escola mais eficiente em seu processo de escolarizar o estudante, para que o mesmo aprenda a aprender por meio de suas inteligências.

            Em suma, embora se questione sobre as evidências da separação das inteligências, ou a dúvida de serem habilidades ou talentos, inegavelmente, desafia a visão tradicional de que a inteligência é uma capacidade única que pode ser medida por testes de QI, além de promover personalização do ensino, autoconhecimento e desenvolvimento integral do estudante. Currículo escolar individualizado, sob amparo da teoria das Inteligências múltiplas é possível e é para hoje!

            Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado em Filosofia, História e Pedagogia, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”.

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