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terça-feira, 22 de julho de 2025

MOBILIDADE E SEGURANÇA EM PINDAMONHANGABA

 


 

Ítalo do Couto Mantovani*

A relação entre mobilidade urbana e segurança pública tem se consolidado como um dos pilares para a construção de cidades mais eficientes e humanas. Em Pindamonhangaba, com cerca de 170 mil habitantes, essa conexão vem se fortalecendo por meio de políticas públicas que buscam não apenas reduzir acidentes de trânsito, mas também melhorar a qualidade de vida de quem circula diariamente pelas ruas da cidade. Em linha com estudos do Instituto Sou da Paz e análises do Nexo Jornal, que defendem a integração entre mobilidade, urbanismo e segurança, as ações adotadas em Pindamonhangaba se inserem em um debate nacional sobre o futuro das cidades.

Tradicionalmente associada à criminalidade e à atuação policial, a segurança pública passou a incluir também aspectos estruturais do ambiente urbano, como a forma como as pessoas se deslocam e compartilham os espaços. Segundo o Instituto Sou da Paz, a maneira como as cidades são planejadas influencia diretamente a segurança de pedestres, ciclistas e grupos mais vulneráveis. Nesse contexto, Pindamonhangaba vem realizando melhorias que combinam tecnologia, fiscalização, educação e engenharia de tráfego. Um exemplo claro é a instalação de radares e a ampliação da sinalização em pontos estratégicos, como o Anel Viário e a rotatória do supermercado Tenda. Como resultado, entre 2021 e 2022, o município registrou uma redução de 40% nas mortes causadas por acidentes de trânsito em vias municipais.

Com uma frota que ultrapassa 108 mil veículos e a presença constante de caminhões vindos da Rodovia Presidente Dutra, a cidade enfrenta desafios diários relacionados ao tráfego intenso. Para lidar com isso, vem adotando medidas como semáforos inteligentes, capazes de ajustar os tempos de sinalização conforme o fluxo de veículos, contribuindo para a redução de congestionamentos e de situações de risco. Mudanças no sentido de circulação em bairros como Araretama, Campo Alegre, São Domingos e São Benedito também fazem parte desse esforço por um trânsito mais fluido e seguro.

A fiscalização tem atuado de forma mais rigorosa. A “Operação Tolerância Zero”, por exemplo, tem se concentrado na retirada de motos com escapamentos adulterados e veículos sem documentação regular. Em uma única ação, mais de 20 motos foram apreendidas, sinalizando o comprometimento das autoridades com a ordem pública e o bem-estar da população.

Além das intervenções técnicas e operacionais, a cidade tem apostado em ações educativas. Programas como o Eduseg (2024), voltado a escolas da rede municipal, abordaram temas de trânsito e cidadania desde a infância, promovendo comportamentos mais conscientes nas vias públicas. Campanhas como o “Maio Amarelo” reforçam a importância do respeito mútuo entre motoristas, ciclistas e pedestres, mostrando que a segurança é uma construção coletiva.

Os efeitos das políticas já são perceptíveis. A redução de acidentes em pontos críticos como as avenidas Professor Manoel César Ribeiro e Nossa Senhora do Bom Sucesso comprova a eficácia de intervenções bem planejadas. Com a padronização de velocidades em 50 km/h e a sinalização reforçada, houve diminuição nos casos de avanço de sinal e excesso de velocidade. Ainda assim, a cidade enfrenta obstáculos relevantes. O crescimento urbano, a frota em constante expansão e a falta de infraestrutura adequada em áreas periféricas demandam ações contínuas. Ruas com calçadas estreitas, ausência de ciclovias e desrespeito à faixa de pedestres continuam sendo problemas recorrentes.

A ampliação e qualificação do transporte coletivo também se impõem como prioridade. Reduzir o uso de veículos particulares é essencial para diminuir o número de acidentes e os níveis de poluição. Para isso, é necessário garantir linhas eficientes, frota adequada e horários regulares, pontos ainda frágeis no sistema atual.

A experiência de Pindamonhangaba evidencia que segurança e mobilidade devem ser tratadas de forma integrada. O município avança ao abandonar abordagens fragmentadas e investir em soluções transversais, envolvendo diferentes áreas da administração pública. Mais do que reprimir infrações, as ações em curso demonstram uma valorização da prevenção, do planejamento urbano e da participação da comunidade.

Repensar a mobilidade urbana como estratégia de segurança é, sobretudo, um compromisso com a vida. E embora ainda haja muito a ser feito, Pindamonhangaba dá sinais de que está no caminho certo: de uma cidade que tratava o trânsito como problema, para uma que reconhece na mobilidade parte da solução.

 

* Diretor da Divisão de Estudos e Monitoramento da Coordenadoria da Atividade

Delegada – Secretaria de Governo Municipal da Cidade de São Paulo

Formado em Gestão de Políticas Públicas pela USP

Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional

Graduando e História pela USP

Professor de Cursinho pré-vestibular em São Paulo

Contato: italocmantovani@gmail.com

 

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