Desde o início da era industrial a sociedade
elabora fórmulas e estratégias para medir e controlar os resultados, como forma
de ajustar a produtividade para fins comerciais. No campo da educação não é
diferente, embora seja um fenômeno recente, de mensurar os resultados escolares
sob a perspectiva cognitiva, o que não revela, porém, dados de ordem
socioemocional, como parte integrante do desenvolvimento humano do estudante, sobretudo
na educação básica.
Num contexto de reformulação da
educação norte americana, após a segunda guerra mundial, a Associação Norte
Americana de Pisicologia formou equipe para criar uma taxonomia de objetivos e
processos de aprendizagem, tornando possível uma reestruturação do processo
educacional, com melhor mensuração dos objetivos alcançados em cada etapa
escolar. Assumido por Benjamin Bloom (1913 – 1999), psicólogo e pedagogo, junto
com sua equipe, organizaram uma estrutura de aprendizagem por meio dos domínios
cognitivo, emocional e psicomotor, tendo sido revisado em 2001, tornando a
Taxonomia de Bloom mais flexível e adaptável à atualidade.
Em cada um dos domínios os objetivos
são alcançados progressivamente, do mais simples ao mais complexo, garantindo
entendimento e experiência para a aprendizagem da etapa seguinte. No domínio
cognitivo, segue-se a ordem: 1) lembrar, 2) entender, 3) aplicar, 4) analisar,
5) sintetizar e 6) criar; no domínio afetivo: 1) recepção, 2) resposta, 3)
avaliação, 4) organização e 5) caracterização; e no domínio psicomotor: 1)
percepção, 2) predisposição, 3) resposta guiada, 4) resposta mecânica e 5)
resposta completa e clara. Todos esses domínios são desenvolvidos
concomitantemente, por parte do estudante, sendo observado pelo professor que
realiza o acompanhamento e intervenção orientativa em cada etapa da
aprendizagem.
A
Taxonomia de Bloom é compreendida como uma ferramenta pedagógica para
elaboração do planejamento escolar, plano de ensino e plano de aula docente, favorecendo
reestruturação dos processos educacionais da escola. É, portanto, mais uma
forma de mensurar e avaliar o aprendizado dos estudantes em seus níveis de
complexidade, nos domínios cognitivo, afetivo e psicomotor.
Apesar de ser uma ferramenta
pedagógica popular, sobretudo na educação superior, não está isenta de
críticas, que questionam a sua precisão, aplicabilidade e adequação à realidade
de aprendizagem moderna, por ser uma estrutura hierárquica, em que segue a
progressividade dos objetivos cognitivos, tornando nula a interconexão neural,
que resulta em desenvolvimento cognitivo não sequencial; há também críticas de
supervalorização do domínio cognitivo, em detrimento de habilidades
socioemocionais, enquanto competências que estão para além do cognitivo, que,
ao serem desconsideradas, mantém-se velado a complexidade da aprendizagem,
tornando a Taxonomia de difícil aplicação.
Desatualizada ou não à luz do tempo
e invenção de novas abordagens pedagógicas e metodológicas, a Taxonomia de
Bloom representa um marco teórico importante na história da educação, por
apontar uma forma de mensurar a aprendizagem do estudante, estabelecendo
classificação dos objetivos e níveis de aprendizagem, desde a absorção da
informação até a criação de novo conhecimento, partindo do mais simples ao mais
complexo. Medição da aprendizagem e direcionamento educacional é possível e é
para hoje!
Por
Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado em Filosofia, História e Pedagogia,
Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira –
“Sr. Sara”.
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