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segunda-feira, 26 de maio de 2025

Psicopedagogia institucional escolar: um longo caminho a trilhar



             A Psicopedagogia se refere aos campos de estudo da Psicologia e da Pedagogia, com a finalidade de investigar a relação entre o aprendizado e a mente do ser humano, desde criança até a vida adulta. Diagnostica, previne e intervêm em dificuldades de aprendizagem, tanto de natureza clínica como institucional, caracterizando-se como interdisciplinar.

            Sua origem remonta ao início do século XIX, na França, atrelado aos campos da Medicina, Psicologia e Psicanálise, tratando-se de terapia para criança que apresentasse lentidão na aprendizagem. Até o final da primeira metade do século XX, atribuía-se as dificuldades de aprendizagem e convívio social à fatores internos da criança; inclusive no Brasil, nos anos de 1960, quando a Psicopedagogia passou a ser ministrada nas universidades, o distúrbio de aprendizagem era classificado como problema neurológico, além da estigmatização cultural de que pobre não conseguia aprender, desconsiderando o contexto de precarização da estrutura educacional da época. Somente no final do século XX que a Psicopedagogia passou a explorar as dificuldades de aprendizagem a partir de outros pontos de vista como o econômico, social e ambiental, podendo ser questionado fatores externos como o ambiente em que a criança vivia, o modo que era criado pelos responsáveis e os procedimentos metodológicos utilizados na escola.

            A psicopedagogia tem trilhado um longo caminho em sua regulamentação profissional. É concebida como importante ferramenta de desenvolvimento humano, mas conta com baixo apoio político-governamental em sua regulamentação, resultando em operacionalização e alcance profissional limitado, como por exemplo, não ser uma função obrigatória no ambiente escolar. É identificada pelo código 2394-25 no catálogo brasileiro de ocupações (CBO), sendo reconhecida pela resolução nº 3/2022 do Conselho Federal de Psicologia como uma área profissional do campo da Psicologia. Em 2023, foi aprovado no Senado Federal, pela Comissão de Educação (CE), o projeto de Lei 1.675, que disciplina os requisitos da função do psicopedagogo, permanecendo em análise da Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

            No campo da Psicopedagogia institucional, com ênfase em aprendizagem escolar, o psicopedagogo tem o papel de identificar dificuldades, planejar intervenções, promover a aprendizagem cooperativa, aconselhar pais e professores, a fim de garantir alinhamento teórico e prático entre o que é esperado do ensino docente e o que é apreendido por parte do estudante. Embora o psicopedagogo desempenhe um importante papel educacional, não é raro ser compreendido equivocadamente como fiscalizador do trabalho escolar e responsável por desestabilizar certezas pedagógicas, em espaços educativos enraizados em abordagens pedagógicas racionalistas e tradicionais.

            Não são poucos os desafios que o psicopedagogo enfrenta no ambiente escolar, como 1) baixo engajamento dos responsáveis dos estudantes, tanto por não se fazer acessível à comunicação com a escola e o psicopedagogo, como pela ausência de acompanhamento do assunto relacionado à criança no ambiente familiar; 2) ausência de formação e atualização psicopedagógica acadêmica com abrangência de fatores externos, tais como econômico, ambiental e social; e 3) peculiaridade da educação inclusiva com casos individualizados, cujos distúrbios de aprendizagem requerem, muitas vezes, apoio de equipe multidisciplinar, como psicólogo, pedagogo, fonoaudiólogo, psicomotricista; entre outros desafios. Ao desempenhar a sua função por meio de entrevistas, observações, testes e atividades lúdicas, o psicopedagogo diagnostica, previne e cura dificuldades de aprendizagem de maneira técnica, ética e afetiva. Psicopedagogia institucional em todas as escolas é possível e é para hoje!

            Por Rodrigo Tarcha Amaral de Souza, licenciado em Filosofia, História e Pedagogia, Mestre e Doutor em Educação, Diretor da Escola Municipal Serafim Ferreira – “Sr. Sara”.

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